sábado, 19 de outubro de 2013

teorema da felicidade III

Nessa noite, senti o meu coração feliz, estava cheio de um sentimento que nunca tinha sentido antes. A nossa conexão foi imediata e sentia-me bem por ter ajudado alguém, mas eu sentia que ele não ia ser só alguém. Sentia que ele ia fazer parte da minha vida e, acima de tudo, queria que isso acontecesse. 
Olhei para o relógio que estava na mesa. Eram 2:03. Ainda se ouvia barulho vindo da sala. Levantei-me e caminhei sorrateiramente para lá. Ele dormia no sofá, com um ar sereno e despreocupado. Puxei o cobertor para cima e fiz-lhe uma festa na cabeça. Senti um arrepio. Fiquei parada, ao lado dele e a olhar para ele. Voltei para o quarto e deixei-me cair na cama. Sentia-me cansada mas ao mesmo tempo sentia-me feliz.  
No dia seguinte acordei com o barulho da porta a fechar. Levantei-me o mais depressa feliz e corri para a sala. Ele não estava lá. Corri para a porta, na esperança de ainda o ver e pedir explicações. Nada. Não havia sinal dele. Fui para a cozinha. E para meu grande espanto, tinha um recado escrito num guardanapo. As letras todas maiúsculas, muito certas, sem nenhum deslize. 
Obrigada por tudo, mas preciso de me fazer à vida. Liga-me se precisares de alguma coisa, estou a dever-te milhentos favores! Mateus
Sentei-me na cadeira depois de ler e suspirei. 
Na noite anterior tinha-lhe contado tudo sobre mim durante o jantar. Tinha-lhe explicado os motivos que me levaram a ter a personalidade que tinha na atualidade. Tinha-lhe falado sobre as minhas mudanças que aconteciam quando me apetecia. E naquele momento decidi mudar-me novamente. Iria tratar de me despedir da livraria e ia passar umas férias. Decidi ir para casa. Precisava de conforto, de estar com alguém que conhecesse. Dobrei o guardanapo e guardei na minha caixa de recordações que tinha na gaveta do quarto. Senti aquele palpitar no coração. Dor. Senti que tinha ficado para trás outra vez. Senti-me descartada.
Peguei no telemóvel e procurei o número que queria. Esperei um pouco até que atendessem do outro lado. Finalmente.
- Olá mãe. Daqui a dois dias vou para casa. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário