terça-feira, 13 de agosto de 2013

parte VII

No dia seguinte acordou calma e feliz. Eram onze e meia. Francisca dormia ao seu lado. Pegou no telemóvel e viu que tinha uma mensagem de Francisco.
És a melhor coisa que me podia ter acontecido nos últimos tempos. És perfeita e o que faço por ti é porque gosto imenso de ti e quero que estejas bem quando estás comigo. Dou-te a minha palavra de que vou fazer tudo para que resulte. És incrível, Mafs.
Pousou o telemóvel novamente e sorriu. Sentia que as coisas iam melhorar significativamente e estava feliz por isso. Deixou-se ficar na cama a pensar na noite anterior e tudo parecia um sonho.
Por volta das quatro da tarde, Francisca e Mafalda saíram de casa e foram para a praia. Francisco estava com Camila e Bernardo. Quando Francisco reparou nela, levantou-se e foi ter com ela.
- Precisamos de falar.
Mafalda ficou assustada, mas quando ele lhe deu a mão, reparou que estava tudo bem. Despiu-se e foi com Francisco até ao mar. A água estava fria, contrastando com o calor que se fazia sentir naquele dia. Os dois continuavam de mãos dadas. Mafalda sentia-se segura quando Francisco estava por perto. Sentia que podia contar com ele para tudo e, acima de tudo, confiava nele. Sentaram-se a olhar para as ondas, enquanto elas os molhavam. Mafalda esperava que ele falasse com ela, mas ele permanecia calado. Olhou para ela e ganhou coragem:
- Os teus olhos estão mais brilhantes que o habitual.
Mafalda sorriu e olhou para ele também: - É sinal de que estou feliz! – fez uma pequena pausa e retomou a conversa. – Tu fazes-me feliz.
- Ainda bem que se nota nos teus olhos. Acredita que fico ainda mais feliz por saber isso! – mais uma pausa. – Vamos lutar por isto! Aposto que não nos vamos desiludir. Quero mesmo estar contigo para fortalecermos tudo isto.
                - Acredita que passei imenso tempo a pensar em tudo durante esta noite.
- E então? – Francisco tinha medo que a resposta que ela lhe ia dar não fosse a que ele ansiava naquele momento.
- Não há nada neste mundo que eu queira mais do que seguir em frente e ser feliz e tu foste o único que me fez sentir felicidade espontânea e que parece duradoura.
- E isso quer dizer o quê?
- Que tu és tudo o que eu desejo neste momento!         
Francisco levantou a cabeça e olhou-a nos olhos. Era mesmo verdade o que ela estava a dizer. Pousou os seus lábios nos dela, levemente, com medo de ser rejeitado, mas não o foi. Mafalda beijou-o com segurança e abraçou-o no final. Estava feliz por ter sido capaz de tomar uma decisão daquelas. Levantaram-se e foram dar um mergulho.
Quando voltaram para junto dos amigos, não esconderam nada. Mostraram que eram um casal e Mafalda sentiu-se bem por isso. Gostava da sensação de poder estar com alguém que a fizesse realmente feliz.
No final do dia, quando Mafalda e Francisca chegavam a casa, Mafalda recebe uma mensagem. Era de Bernardo e pedia-lhe para voltar à praia porque queria falar com ela.
- Mafalda, não te deixes levar pela conversa dele.
- Não te preocupes. – Mafalda voltou à praia. A noite chegava e o céu escurecia. Viu um vulto. Bernardo estava sentado à beira-mar. Estava sem camisola, de certeza para tentar reconquistá-la, pensou ela. Quando chegou junto a ele, manteve-se de pé. Queria distância dele, não queria cometer o erro de voltar para ele. – Precisavas de falar comigo?
Bernardo olhou para cima e não sorriu. Pediu-lhe para se sentar ao seu lado e Mafalda aceitou o convite. Voltou a olhar em direção ao pôr-do-sol e falou, com uma expressão grave.
- Tu e o Chico hoje estavam muito íntimos. – Calou-se à espera de uma resposta, mas Mafalda continuou calada. Já sabia qual a intenção daquela conversa. – Namoram?
- Acho que é um pouco óbvio.
Bernardo olhou para ela, surpreendido pela rispidez na voz da rapariga. Sorriu tristemente e continuou o seu discurso, adotando depois uma expressão mais dura.
- Sabes porque é que hoje a Matilde não veio à praia connosco? Porque eu ontem à noite acabei com ela. Não suportava mais estar com ela sabendo que também não te poderia ter e, sinceramente, prefiro ter-te em vez de a ter a ela. Eu amo-te, Mafalda, dá-me mais uma oportunidade de te fazer feliz.
Mafalda olhou para ele e riu-se:
- Não suportavas mais estar com ela sabendo que também não me poderias ter? Só podes estar a gozar comigo. – Calou-se, respirou fundo e respondeu. – Querias andar com as duas ao mesmo tempo? Pois bem, agora vais ter de te contentar com a solidão. Bernardo, as coisas não são sempre como tu queres. Eu estou farta de me sentir miserável por tua culpa. Não quero ser só mais uma.
- E achas que para o Chico não és só mais uma?
- Por acaso acho. Ele compreende-me como tu nunca foste capaz. Ele não me julga pela minha maneira de ser, aceita-me como sou, coisa que tu nunca fizeste. Chega de pensar em ti e de estar dependente de ti.
- Nunca vais encontrar ninguém que te ame tanto como eu, sabes disso.
Ele tinha voltado a dizer aquelas palavras. Mafalda levantou-se e respondeu duramente:
- Deixa de pensar que és o maior. Não me amaste assim tanto nem trataste assim tão bem de mim como tu gostas de mostrar às outras pessoas. Vê se mudas de atitude. Estou bem melhor sem ti. Adeus.
Mafalda afastou-se a correr. Adorou a sensação que teve no seu peito. Sentia-se finalmente livre daquele peso no coração. Tinha conseguido finalmente afastar o buraco negro da sua vida. Não ia ser mais atirada para a desgraça nem ia ser mais um íman de problemas. Queria ser feliz e desta vez estava mesmo determinada a isso.
Subiu o muro de casa de Francisca e foi ao quarto pegar na mochila. Correu para o metro mais próximo e esperou pelo metro que a levava à Maia. Ainda demorou cerca de uma hora a chegar ao destino e caminhou até casa de Francisco. Pegou no telemóvel e ligou-lhe:
- Estás em casa?
A resposta foi afirmativa. Então Mafalda tocou à campainha e passados cerca de trinta segundos, Francisco estava à porta de casa a olhar para ela, surpreso.
- Que estás aqui a fazer?
Mafalda não respondeu. Apenas o beijou intensamente. Francisco puxou-a para dentro de casa e fechou a porta, sem a largar, e conduziu-a ao seu quarto. Estavam sozinhos e Mafalda sentia-se preparada, apesar de também achar que se estava a precipitar. Não quis saber. Francisco encostou-a à parede e beijou-a ainda mais, mordendo-lhe os lábios, o pescoço. Tirou-lhe a camisola e Mafalda imitou-o, tirando-lhe também a camisola. Ele pegou-lhe ao colo e encostou-a à parede. Nenhum dos dois alguma vez tinha sentido o que estavam a sentir naquele momento. Mas Francisco parou.
- Porque é que estás a parar?
- Mafalda, eu amo-te! Não sei o que se passou mas acho isto tudo muito precipitado. Eu quero, juro por tudo que quero sentir-te ainda mais, mas quero que tenhas a certeza disto. É muito cedo ainda. Desculpa…
Mafalda deu-lhe um beijo suave nos lábios.
- Tens razão. Nem sei o que me passou pela cabeça, mas precisava mesmo de estar contigo.
- Fica comigo mais um pouco. Eu também preciso de estar contigo, preciso de te proteger, de te fazer sentir segura. Quero que confies em mim como nunca confiaste em ninguém. – Beijou-a novamente. - Fica aqui em casa até às horas que quiseres, depois eu levo-te a casa.

Deitaram-se os dois na cama, abraçados. Não precisavam de falar. Sentiam-se confortáveis daquela maneira, porque sabiam que tinham o apoio um do outro para o que quer que fosse. Sabiam que estavam ligados e que ia correr tudo bem. Sabiam que o sentimento que existia entre os dois ia crescer, ia durar. Sabiam que ambos iam cuidar um do outro, porque era por isso que o destino os tinha juntado. Ambos precisavam um do outro para serem felizes.

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